A novela se passa principalmente em São Paulo, e a cenografia explorou fortemente o ambiente urbano, industrial e empresarial da cidade no final dos anos 1980, período de efervescência econômica e transformações sociais. Foram criados cenários grandiosos e simbólicos: A mansão dos Figueroa, na Avenida Paulista, representava o luxo aristocrático em decadência. O ambiente tinha móveis de época, cortinas pesadas, pratarias e retratos antigos, tudo em tons mais escuros, transmitindo uma sensação de nobreza ultrapassada. A casa de Maria do Carmo (Regina Duarte), por outro lado, exibia um estilo “novo-rico”, com decoração ostensiva, dourados, espelhos, mármores e objetos de gosto duvidoso, mas que mostravam o poder econômico recém-adquirido da protagonista. Era um cenário propositalmente kitsch — uma crítica ao consumismo e à ascensão social sem refinamento cultural. 🏢 Cenários empresariais e urbanos Outro cenário marcante era a empresa Sucata S/A, que dava título à novela. O espaço foi pensado para parecer uma mistura de ferro-velho e escritório moderno, unindo o passado operário de Maria do Carmo com seu sucesso empresarial. Tubos metálicos, engrenagens, vigas aparentes e texturas industriais faziam parte do visual — uma estética incomum para novelas da época, e que reforçava o contraste entre o “lixo” e o “luxo”. A cidade de São Paulo foi usada com destaque nas externas — avenidas, viadutos e prédios modernos reforçavam o tom urbano e capitalista da história, diferindo bastante das novelas rurais e cariocas que dominavam a TV no período. 🎭 Cores e simbologia A cenografia também dialogava com o figurino e a iluminação: os ambientes dos ricos tradicionais tinham cores frias e austeras, enquanto os espaços dos novos ricos eram vibrantes e chamativos, reforçando o tom satírico da narrativa. 🎬 Inovação visual Para 1990, Rainha da Sucata foi considerada inovadora em termos visuais. A Globo investiu pesado na direção de arte e cenografia, com cenários que buscavam realismo urbano e ironia social, além de destacar o contraste entre o velho e o novo Brasil da virada de década.
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