Cabocla - A magia das roupas de época

->  O figurino de Cabocla é praticamente todo artesanal. Helena Gastal e sua equipe, composta por quatro assistentes, uma costureira, um alfaiate, duas bordadeiras e dez camareiros, estão desde janeiro pesquisando e confeccionando as peças de roupa dos personagens da novela. “Basicamente o figurino foi todo feito por nós. Dificilmente encontramos roupas originais de cem anos atrás”, conta a figurinista.

Trabalhando sempre com tons claros e texturas, para dar profundidade às formas, Helena dividiu as cores do figurino por famílias de personagens. No núcleo de Justino (Mauro Mendonça) predominam os tons de azul e verde. O figurino do coronel é todo em chumbo, azul marinho, gelo e branco, para criar contraste e marcar sua personalidade forte. Sua filha Mariquinha (Carolina Kasting) usa roupas de corte reto, feitas de cambraia de linho, com bordado aberto e richelieu.

Já a família de Boanerges (Tony Ramos) usa tons de terra, caramelo, cru, salmão e rosa. Um detalhe: os ternos são predominantemente claros. “Nas fotos de época, vemos mais homens de ternos claros do que escuros”, revela Helena. O figurino da grávida Emerenciana (Patrícia Pillar) é todo de linho bordado. A personagem usa vestidos e conjuntos de saia e blusa, muitos feitos a partir de toalhas antigas para aproveitar o bordado. Já o figurino de Belinha (Regiane Alves) é vaporoso, com muitas peças em filó de seda, georgette, voil bordado e bordado aberto, em função do romantismo da personagem.

Todo o figurino do núcleo rural teve que ser envelhecido através de química. Zuca (Vanessa Giácomo) usa basicamente vestidos de chita e algodão, com faixas e amarrações, em cores claras. Já a família de Generosa (Vera Holtz) e Felício (Sebastião Vasconcelos), por compor um núcleo mais dramático, usa cores escuras. Seus tons vão do chumbo ao berinjela, com tecidos de fibras naturais como algodão, sarja, lã e linho.

No núcleo do Rio de Janeiro, as roupas têm influência da art nouveau. O estilo vigorou na França entre 1890 e o início da I Guerra Mundial (1914-1918). Apesar de expressar-se principalmente na arquitetura, na decoração de interiores e no desenho de mobiliário, abrangeu também jóias e tecidos. Caracteriza-se por linhas graciosas, com traços alongados terminando em arabescos e por motivos de flores e de folhas. É uma forma de arte que valoriza o decorativo e o ornamental - em contraposição às formas industriais que então surgiam -, determinando formas tridimensionais delicadas, sinuosas, ondulantes e sempre assimétricas.

Pequetita Novaes (Mareliz Rodrigues), uma das namoradas de Luís Jerônimo (Daniel de Oliveira), é moderna, gráfica, arrojada e extravagante. Já a espanhola Pepa (Elena Toledo) tem o figurino mais elaborado, com plumas, bordados e muitos cristais. Todo o núcleo do cabaré, com roupas em laranja, ouro, cobre, preto, vinho, verde claro e verde escuro, tem influência de Erté e Poiret, estilistas famosos da época. As grandes tendências eram cintura abaixo do busto, silhueta seca, cortes próximos à linha Império, rendas e tecidos delicados.

Depois de assinar seis minisséries de época, sucessos como Anos Dourados, Agosto, Engraçadinha, Madona de Cedro e Incidente em Antares, Helena Gastal faz sua primeira novela com esta característica. “Procurei fazer um figurino com leveza. Acho legal fazer uma espécie de releitura da época. Vejo muito isso no cinema e acho ótimo”, finaliza a figurinista.

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