A próxima novela das oito da Globo vai desafiar os espectadores a questionarem se é verdadeiramente um paraíso tropical.

Com uma trama que aborda as dificuldades nacionais sem cair no derrotismo, e tendo Copacabana como pano de fundo, a novela promete provocar reflexões sobre o conceito de paraíso tropical. 

Poder e ambição são os motores que impulsionam o elenco de destaque da próxima trama da Globo. Wagner Moura, Suzana Vieira, Alessandra Negrini, Tony Ramos, Camila Pitanga e Fábio Assunção lideram o elenco da produção.


O cenário muda de Leblon para Copacabana nesta transição entre novelas na faixa das oito da Globo. Enquanto o Leblon serve como pano de fundo para a atual novela "Páginas da Vida", o próximo drama, "Paraíso Tropical", escrito por Gilberto Braga e Ricardo Linhares, estreará em 5 de março ambientado em Copacabana. Apesar de ambos serem bairros da zona sul do Rio de Janeiro, têm poucas semelhanças. O Leblon, com seu metro quadrado exorbitantemente caro, é habitado pela elite discreta e pouco inclinada a confusões. Já Copacabana, decadente e com águas poluídas, abriga uma variedade de personagens típicos do submundo carioca. Enquanto os pescadores lançam suas redes no mar de manhã cedo, à noite os cafetões se dedicam a uma pesca diferente: turismo sexual. No entanto, a bela praia de Copacabana também é um dos cartões-postais mais famosos do Brasil. Essas peculiaridades transformam o bairro em um microcosmo que levanta a questão: estamos realmente vivendo em um paraíso tropical?


Camila Pitanga, no papel de uma prostituta ambiciosa na trama, reflete sobre essa dúvida: "Temos muitos motivos para considerar nosso país um paraíso e um inferno ao mesmo tempo. Convivemos com essa contradição." A novela não busca oferecer respostas definitivas, mas sim provocar reflexões. "É o Brasil que desejamos versus o Brasil que temos", resume Linhares. A trama também aborda a cobiça. "Desde o início, a história do Brasil é marcada pela cobiça no paraíso. De um lado, temos a praia; do outro, o calçadão, com vendedores ambulantes, exploração sexual, especulação imobiliária, entre outros." Embora seja um lugar encantador - seja Copacabana ou o Brasil como um todo - a ganância está presente, "com personagens sem escrúpulos, que exploram os trabalhadores em um ambiente de capitalismo selvagem, onde a dignidade humana é desconsiderada", como descreve Linhares, falando sobre sua novela. Ou será que está falando sobre o seu país?


A trama principal da próxima novela, que originalmente seria intitulada "Copacabana", segue o típico estilo dos folhetins. O personagem central é Antenor Cavalcanti (interpretado por Tony Ramos), um empresário extremamente rico e herdeiro de um trambiqueiro ex-presidiário, carregando consigo o DNA paterno. Ele é retratado como o vilão da história, sendo frio e cínico, embora, como observa o ator que o interpreta, ele também apresente certa ambiguidade. Sua vida é marcada pela tragédia da perda de seu único filho em um acidente de carro, um detalhe que pode ser visto como sua possível redenção quando ele encontra Lúcia, interpretada por Glória Pires - com quem Ramos já trabalhou com sucesso em "Belíssima" e "Se eu fosse você". Fábio Assunção entra na trama como o contraponto: Daniel, o mocinho bonito e honesto que se apaixona por Paula (interpretada por Alessandra Negrini) e planeja uma vida tranquila ao lado dela em uma praia do Nordeste. No entanto, a vida reserva surpresas inesperadas: Paula é gêmea, sem o conhecimento de Daniel, de Taís, que tem uma personalidade oposta à dela. Taís, uma alpinista social, se alia a Olavo (interpretado por Wagner Moura) para conspirar contra o casal. Olavo é sobrinho de Cavalcanti e nutre um profundo ódio por Daniel, um funcionário competente de seu tio e cotado para sucedê-lo na direção da empresa.

A luta entre o bem e o mal continua com um elenco que inclui Yoná Magalhães, Marcello Antony, Reginaldo Farias, Vera Holtz, Hugo Carvana, Maria Fernanda Cândido, além de participações especiais de Suzana Vieira, Marcos Palmeira e Carmem Verônica. A novela "Paraíso Tropical" reflete ironicamente sobre as contradições do Brasil, onde traficantes se tornam viciados em drogas e cafetões se apaixonam por prostitutas.

Chico Diaz, por exemplo, interpreta Jáder, um cafetão que se apaixona por Bebel (interpretada por Camila Pitanga), uma prostituta que trabalha para ele na Avenida Atlântica, principal via de Copacabana. Apesar das adversidades, a novela não foca em instigar a raiva do telespectador, mas sim em reforçar a autoestima nacional e valorizar os aspectos construtivos do Brasil.

O autor, Ricardo Linhares, enfatiza que a novela não tem a intenção de transmitir uma mensagem específica, mas acredita que, apesar das dificuldades enfrentadas, ainda vale a pena ser brasileiro e lutar por uma vida melhor no país. Ele destaca que a cobiça e a corrupção na trama servirão para ressaltar a ética e a honestidade.

A campanha publicitária da novela destaca a visão positiva que estrangeiros têm do Brasil, elogiando suas praias, florestas e diversidade cultural. Para eles, o Brasil é visto como um verdadeiro paraíso. No entanto, desconhecem os aspectos mais sombrios, como expresso na obra de Rubem Braga. A novela começa com a música "Sábado em Copacabana", de Dorival Caymmi, interpretada por Maria Bethânia, que destaca Copacabana como um local de lazer e descontração após uma semana de trabalho.


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